domingo, 27 de fevereiro de 2011

Caridosa anciã paulistana

Praça da Sé - 1916

Por Ana Paula Rego

Idosa que não perde o charme, a ostentação. Consoladora, pois abraça crianças judiadas, pobres, carentes, além de desempregados e pessoas sem rumo que procuram os seus braços para pensar, pois apesar de velha ela ouve, diariamente, o lamento de homens e mulheres que almejam um futuro melhor em uma cidade como São Paulo. Presenciou o avanço da modernidade e parece se adaptar muito bem a essas grandes mudanças.

Essa anciã nasceu por volta de 1588 e hoje a conhecemos pelo nome de "Praça da Sé". Tornou-se um dos pontos turísticos da "terra da garoa". Abriga o marco zero do município e foi palco de inúmeros eventos religiosos e políticos, sendo um dos mais conhecidos o histórico comício das "Diretas Já", ocorrida em 25 de Janeiro de 1984, do qual mais de 300 mil pessoas  lutavam por eleições diretas para a presidência do país.

Outrora conhecida como "Largo da Sé", ela foi se desenvolvendo a partir da criação, no período colonial, da atual Catedral, aliás, a palavra Sé é uma abreviatura de “Sedes Episcopalis”, uma estrutura de poder da igreja Católica que costuma estar associada a uma igreja ou catedral.

Apesar de hoje em dia, essa elegante senhora, não vislumbrar mais os bondes e os senhores de terno, gravata, chapéu e bengala de tempos antigos, fica difícil não imaginar, passeando pelos seus ladrilhos já desgastados com o tempo, épocas em que as crianças, que hoje embala, eram simples crianças, felizes, vivendo como se deve viver e adultos almejando a cultura e o prazer das prosas nas horas de lazer.

Essa que hoje tem, literalmente, aos seus pés a tecnologia de trazer e levar para longe de si pessoas atarefadas e apresadas pelo estafante trabalho moderno, há de vivenciar mais e mais acontecimentos e que não perca a alegria de acolher os frutos deste sofrido século.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Parto

Thomas Mann

"O escritor é um homem que mais do que qualquer outro tem dificuldade para escrever"
( Thomas Mann )

Não me parece que Thomas Mann tenha tido problemas para escrever. Seus maravilhosos escritos como “A Montanha Mágica”, “A Morte em Veneza” e tantos outros livros dele demonstram sabedoria e criatividade para desenvolver histórias densas, porém envolventes.
A frase acima me alivia porque vejo que até os mestres tiveram dificuldades para iniciar um texto, pois eu, diante da página em branco, muitas vezes me vi sem ideias de como começar. Quase sempre há uma ansiedade por escrever, mas as palavras não aparecem.  Travo diante da brancura, do vazio.
Quando o desconforto é grande, levanto, dou uma volta pela redação, leio alguma notícia na internet, saio da sala. Ás vezes dá certo é as frases começam a despontar, noutras ainda é preciso pensar mais, me concentrar.
Já aconteceu de no meio do texto fugir as palavras e eu ter que parar, por alguns instantes, e pensar qual rumo dar a matéria, quais fontes precisam ainda ser ouvidas, o que falta para ser apurado.
Sempre ouvi dizer, de professores e até escritores, que escrever é um parto, doloroso por sinal. Pode demorar horas ou dias para que o texto saia, bonitinho, e você passe a admirá-lo.


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Destituídos de Preconceito

Em qualquer área profissional a palavra preconceito não deveria existir, aliás, isso não deveria existir nunca e em nenhum lugar. Focando na área de comunicação e, mais especificamente, no jornalismo esse pré – conceito é inválido. Digo isso porque para ser jornalista é preciso ter a mente aberta para qualquer assunto e conhecer de tudo um pouco.
Na pós-graduação aprendi, com mais ênfase, a ser uma profissional livre para abranger qualquer assunto e a ler qualquer tipo de livro ou texto que chegasse até mim.  Meu querido professor Sérgio Villas Boas dizia que até mesmo a leitura de livros simples era de suma importância. Não importava que tipo de literatura a pessoa lesse, o importante era ter o livro e aproveitar as histórias. Lembro-me também do Edvaldo Pereira Lima e do Celso Falaschi dizendo sobre a humanização dos personagens nas matérias de jornalismo literário. É preciso conhecer profundamente o ser humano e para isso o jornalista precisa ser destituído de preconceitos.
Hoje em dia sei que é difícil andar pelas ruas olhando para as pessoas que estão passando ao seu lado. Muito mais difícil é puxar conversa com quem senta ao seu lado no ônibus ou quem está na fila, na sua frente, seja no banco ou em qualquer lugar, mas é interessante notar os costumes e o modo das pessoas sejam elas diferentes ou não, de nós.
Há muitas matérias que eu adoraria fazer. Não só pela incessante curiosidade, própria do jornalista, de conhecer as coisas, mas também pelo preconceito que algumas pessoas têm em relação a determinados assuntos. Gostaria de escrever, e ir a campo entrevistar e pesquisar sobre prostituição, a vida nos presídios e manicômios, a rotina dos meninos de rua e mendigos e tantos outros temas que irão me fazer crescer não só profissionalmente, mas me proporcionarão conhecimento e destreza para discernir o ser humano em todas as facetas de sua existência.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A arte de sujar os sapatos


Andar por entre as ruas e descobrir coisas novas, além de personagens que vão enriquecer a sua matéria, é algo extremamente recompensador para um jornalista. Sair da redação para escrever sobre o real é um trabalho que deveria ser feito por muitos profissionais da área.
Lembro-me da primeira vez que tive que sair em busca de informações. Estava na faculdade e as matérias eram para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) que, no meu caso, se tratava de uma revista chamada “Nova Realidade”. A matéria principal era sobre o trabalho rural, então lá fui eu para uma cidadezinha do interior de São Paulo chamada Santo Antonio de Posse. Minha pauta dizia que eu deveria conversar com trabalhadores rurais de uma fazenda que transformava cana de açúcar em cachaça e outros derivados.
Auxiliada pelos meus tios, que moravam na cidade e conheciam a região, eles me levaram de carro até as plantações de cana. Andamos boas horas por entre as estradinhas de terra em busca da sede da fazenda e dos trabalhadores.
Andei, procurei, esperei. Os homens humildes chegavam aos poucos em cima dos caminhões abarrotados de cana cortada. Enquanto descarregavam a mercadoria eu ia me enturmando e tentando conversar. Alguns não queriam papo, mas percebi que estavam cansados. Apesar de ser mais ou menos umas 10h da manhã eles já estavam trabalhando há horas, deviam estar com fome e, para piorar, fazia muito calor naquele dia.
Os caseiros da fazenda moravam em uma simples casinha ao lado da sede. Próximo também estava um enorme lago que cheirava mal. Soube, depois de muita conversa, que aquele lago na verdade era um depósito dos bagaços da cana que, como não eram aproveitados, iam sendo jogados naquele espaço.
Ao voltar para casa e organizar o material adquirido nessa “ida a campo”, percebi que saí dessa experiência muito mais madura e preparada não só para a minha profissão, mas também para a vida. Ao lidarmos com situações diferentes da nossa aprendemos muito mais do que nas salas de aula da faculdade. A redação é importante, claro, mas a arte de sujar os sapatos em busca da notícia é muito mais prazerosa e envolvente.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011


"As pessoas comuns podem ser extraordinárias quando a gente as conhece bem."
Gay Talese

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Jornalismo e a Credibilidade

Credibilidade. Talvez essa seja a palavra que melhor define o jornalismo, mas infelizmente o que tenho visto nos meios de comunicação é lamentável. Uma sucessão de erros que não deveriam, em hipótese alguma, existir entre os colegas de profissão.
O jornalista é o profissional que deve transmitir informações sobre fatos e acontecimentos do dia a dia, pois há leitores e/ou telespectadores ávidos por conhecimento. Para isso, a busca por informações precisas deve ser essencial na apuração da notícia. Isso é a obrigação, não tem o que discutir. É dever.
A leitura constante de livros, jornais e revistas é a tarefa que faz do jornalista um profissional atualizado, em qualquer editoria, e preparado para qualquer entrevista e matéria que a ele se destina.
Sabendo da responsabilidade de nossa profissão, eis a minha vergonha ao ver a gafe cometida por uma jornalista da Globo News ao entrevistar o talentoso ator Lúcio Mauro Filho.
Demonstrando total desinformação sobre a vida do ator, a repórter Sonia Racy diz que o pai dele, o também ator Lúcio Mauro, “não está mais entre nós”. O filho responde com bom humor “Bom, graças a Deus o papai está entre nós ainda".
Diante disso fico pensando que muitas vezes a credibilidade de um veículo de comunicação pode ser destruída facilmente com grandes erros e péssimos profissionais. 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

É difícil vê-lo como um adulto - Final

 -   Nem fui trabalhar, fiquei deitado o dia inteiro, minha mãe falou que nem hoje eu vou trabalhar, vou ficar em casa descansando e tomando remédio, já liguei pro meu patrão e avisei – diz desanimado e continua em meio a uma crise de tosse do qual se curva inteiro até passar – O meu irmão vai marcar uma consulta no posto de saúde pra mim.


É difícil enxergá-lo como um adulto. Basta percebê-lo para denotar que Tchou é uma criança que vive em um mundo particular no qual preocupações, obrigações e atitudes de um homem da sua idade não entram. A ingenuidade de suas conversas ás vezes assusta e me pergunto constantemente se Tchou sente ansiedade, angústia. Pensando bem chego a conclusão de que as crianças são felizes justamente por ainda não se deixarem contaminar por esses sentimentos, então que Tchou continue vivendo e seguindo sua rotina, me acompanhando até o ponto, buscando pão na padaria, passeando com o Bingo, se deslumbrando com o trânsito...

Leia aqui "É difícil vê-lo como um adulto - Parte 1"
Leia aqui "É difícil vê-lo como um adulto - Parte 2"
Leia aqui "É difícil vê-lo como um adulto - Parte 3" 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011



"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte."

(Gabriel Garcia Márquez)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

É difícil vê-lo como um adulto - Parte 3

Há uma outra coisa incomum de que ele adora e quase enlouquece quando vê: policial e carro de polícia. Como uma criança Tchou é fascinado por isso então imaginem como ele ficou quando, ao me esperar no portão um dia desses, uma viatura parou para questioná-lo o porque dele estar ali, aquela hora.

-         Estou esperando minha colega para levá-la até o ponto – ele responde
-         Aonde você mora? – o policial pergunta.
-         Ali na frente

Nesse dia, ao caminharmos até o ponto, Tchou já foi me contando os detalhes e dizendo o que poderia ter respondido a eles se tivesse mais coragem.

-         Em vez de me “enquadrarem” porque não vão procurar os bandidos que estão por aí.

Isso foi assunto para dias.
Na semana passada algo estranho aconteceu. Quando saí no portão Tchou não estava me esperando. De tão acostumada com a sua presença comecei a me preocupar e subindo a rua ia olhando para a sua casa na esperança de vê-lo. “Acho que perdeu a hora”, pensei e isso me satisfez.
No dia seguinte ele aparece.

-         Bom dia, Tchou, você está sumido, hein! Perdeu a hora ontem?
Com um olhar pesaroso e meio cabisbaixo ele responde:
-         Fiquei mal ontem, Paula, desmaiei duas vezes, uma no banheiro e a outra na cozinha.
-         Mas o que foi Tchou? – Pergunto preocupada.
-         Quando eu fico com gripe eu fico assim...
-         Você come bem, Tchou? – pergunto vendo a sua fragilidade
-         Ah! Como duas colheres de feijão, arroz,...assim...

Na verdade, Tchou não se alimenta bem, sempre foi assim. Seu irmão gêmeo já havia dito que ele é metódico até para comer. Come um pouquinho nas refeições principais e só, deve ser por isso que qualquer gripe, resfriado que o contagie já é motivo para preocupação. Seu corpo é fraco e como uma criança teimosa não se agasalha devidamente, isso pude comprovar no inverno. Debaixo do frio maldoso da madrugada, Tchou e sua jaqueta fina do Corinthians e nada mais.

Leia aqui "É difícil vê-lo como um adulto - Parte 1"
Leia aqui "É difícil vê-lo como um adulto - Parte 2"

Livro do momento


Para quem gosta de perfis e política recomendo "Vultos da República - Os melhores perfis políticos da revista Piauí" lançado pela Companhia das Letras, coleção Jornalismo Literário.
Estou lendo e me deliciando com as histórias de pessoas que, até certo ponto, são comuns se observados pela perspectiva literária do jornalismo. Dentre os textos lidos, até agora, o perfil do José Dirceu foi o que mais me chamou atenção. Vale a pena conferir.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É difícil vê-lo como um adulto - Parte 2

Enquanto estamos no ponto de ônibus posso observá-lo melhor. Percebo que seus olhos não param estão sempre alerta. Sua boca dificilmente se fecha devido aos dentes grandes que possui na parte frontal, pode ser por isso e também um pouco pela sua deficiência intelectual que às vezes fica difícil entender o que diz, mas isso não impede de conversarmos e de Tchou já ter feito, sem saber, eu me emocionar com suas atitudes e histórias ingênuas de uma criança que somente cresceu em tamanho.
Lembro-me de que quando eu era criança, Tchou e seu irmão gêmeo Edílson estudavam em uma escola pública que tinha salas especiais para alunos deficientes. Estava sentada na calçada quando ele me perguntou se eu poderia ensiná-lo a resolver umas contas de matemática. Eram continhas simples de subtração, soma, multiplicação e divisão, mas com o seu caderno em mãos, páginas em branco devido à dificuldade de compreender aqueles números, eu tentei ajudá-lo. Suas limitações eram tão grandes que não consegui, eu não tinha esse dom, como poderia?
Outra história que me emocionou muito. Tchou tem vários sobrinhos, mas o mais novo dentre os homens é uma criança que se tornou o seu companheiro nas horas de sair para o shopping. Outro dia ambos foram a uma loja de brinquedos, ficaram brincando com um carrinho de controle remoto e Tchou só não o comprou, pois, segundo ele, era muito caro e estava sem dinheiro, mas parece que por um bom tempo aquilo virou o sonho de consumo dele.
Por falar em carros há uma coisa que Tchou adora: trânsito, isso mesmo, trânsito. Em sua cabeça ingênua ele gosta de ver a quantidade de carros parados, os movimentos lentos, o caos. O que para nós faria perder a cabeça, para ele é motivo de alegria.

-         Às vezes eu “tô” na sala assistindo TV aí eu escuto os carros subindo a rua. Eu conto ... 1,2,3....até 10, quando chega no 10 eu sei que é trânsito então saio no portão para ver – me conta entusiasmado.

Tchou não se esquece de uma vez, de quando precisava pegar ônibus de manhã para ir trabalhar e estava um trânsito infernal. Nada andava. Todos os passageiros desceram e preferiram ir andando. Ficou somente ele dentro do ônibus junto com o motorista e o cobrador esperando pacientemente, durante horas, o trânsito se desfazer.


Leia aqui "É difícil vê-lo como um adulto" - Parte 1

           
"A sociedade que aceita qualquer jornalismo não merece jornalismo melhor." (Alberto Dines)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

É difícil vê-lo como um adulto - Parte 1

Por Ana Paula do Rego

Sob o céu enegrecido pela escuridão da madrugada, todos os dias ele me espera no portão de casa. Rua deserta. Silêncio contínuo, saio e logo o comprimento:


-         Bom dia, Tchou!
-         Bom dia! – ele me responde

Na verdade seu nome é Edson, mas todos o conhecem pelo apelido: Tchou. Meu vizinho da frente desde sempre. É ele quem me acompanha até o ponto de ônibus quando saio para o trabalho. Às vezes, durante o caminho de menos de um minuto de casa até o ponto, ele já vai me contando os últimos acontecimentos da rua. Sempre atento. Não perde nenhuma novidade sobre os vizinhos, sobre o que viu ou fez no dia anterior, afinal isso é um passatempo para as limitações de sua vida simples e ingênua.
Diariamente seguimos nossa rotina. A minha com dias cheios de problemas a resolver, trabalho, cansaço, a cabeça a mil. Para Tchou, que aos 34 anos devido a uma deficiência intelectual possui a mentalidade de uma criança de 10 anos, sua rotina se resume a me levar ao ponto, buscar pão na padaria, passear com o Bingo (seu cachorro) e depois ir trabalhar em uma oficina de costura nos fundos de um quintal a três quadras de onde moramos. Ele trabalha há muitos anos nessa pequena oficina. Seu ofício é cortar as linhas que sobram das roupas já costuradas. Recebe pouco dinheiro e entrega uma parte para a sua mãe, com quem mora além de seu pai, irmãos e sobrinhos.
Tchou é metódico com seus horários, pois mesmo nos finais de semana, feriados ou quando vai dormir mais tarde, ele faz questão de acordar no mesmo horário de todos os dias e seguir a sua rotina. Nada o faz mudar em relação a isso.
Com seu corpo franzino de quem pesa aproximadamente 45 Kg, sua aparência pacata e observadora, ele é fácil de se reconhecer pela roupa que veste, o uniforme do Corinthians já surrado devido ao constante uso. Nos dias de jogo do seu time do coração posso ouví-lo gritar, da minha casa, tamanha é a animação a cada gol feito. Sua voz é inconfundível.

Fascínio pela literatura dentro do jornalismo

Gay Talese, o mestre
Ah! Esse jornalismo literário que me encanta. Desde que eu o conheci percebi que uma matéria pode ser muito mais atraente para os leitores se o assunto abordado for escrito com recursos da literatura.
Personagens, falas transcritas com travessão, descrição detalhada de acontecimentos e pessoas, além da subjetividade do autor podem contar, e muito bem, as principais notícias que estampam as capas dos jornais diários.
O New Journalism surgiu por volta dos anos 60 como uma forma de dar liberdade aos jornalistas para inserir características da literatura em seus textos.  Truman Capote e o seu “A Sangue Frio” marcam o movimento, assim como Hiroshima, de John Hersey (Atualmente ambos podem ser lidos em livros lançados pela Companhia das Letras), que com riqueza de detalhes surpreende, emociona, informa e permite que o leitor vivencie o horror sofrido pelos sobreviventes da bomba atômica jogada na cidade japonesa.
Além deles outros excelentes e importantes jornalistas como Gay Talese, Lilian Ross, Normam Mailer, Tom Wolfe, despontaram nas páginas de jornais e revistas com textos ricos que fugiam das amarras tradicionais do jornalismo. Estes profissionais tinham tempo e a motivação dos seus veículos de comunicação para dedicar meses e até anos na apuração de uma matéria.
Acredito que o jornalista literário tem que ter o feeling da observação detalhista e da humanização, pois escrever uma matéria de jornalismo literário requer atenção e a busca incansável das boas histórias e dos grandes seres humanos que ainda não conhecemos.
A partir de hoje publicarei meus textos de jornalismo literário aqui. Espero que gostem.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"Para ser jornalista é preciso ter uma base cultural considerável e muita prática. Também é preciso muita ética. Há tantos maus jornalistas que quando não têm notícias, as inventam. (Gabriel Garcia Márquez)"

Verdade


Há algum tempo venho amadurecendo a ideia de fazer um blog. Como jornalista tenho a necessidade de escrever e discutir informações que considero de suma importância para o exercício da minha profissão. Dentre pesquisas e a leitura assídua de alguns blogs já conceituados me inquietei e decidi, por fim, ter um espaço onde estudantes, profissionais da área e demais pessoas interessadas possam se encontrar e contribuir para um jornalismo melhor e responsável.
Eis me aqui, diante de um assunto que dará inicio as minhas postagens, a verdade jornalística.
Lembro - me muito bem das aulas na faculdade. Os professores deixavam claro que o jornalismo é a busca incessante da verdade e, para tanto, é imprescindível que o jornalista  esteja atento aos acontecimento e não deixe escapar nenhuma informação relavante para a conclusão do texto. Saber ouvir os dois lados da notícia, apurar, checar as informações, pesquisar, perguntar e saber organizar o material adquirido são apenas alguns elementos fundamentais para que a verdade possa ser transmitida à população de forma clara e objetiva.
Sabemos que a teoria é bem diferente da prática. Infelizmente quem tem o poder da comunicação, tem também o poder da manipulação, com isso muitos textos jornalísticos sofrem a interferência de interesses econômicos, sociais e políticos. E a verdade onde estaria? A imparcialidade dos fatos, o assunto claro e objetivo parece-me perdido nos meios de comunicação.
Levando em consideração que a definição de verdade é a "qualidade do que é verdadeiro; realidade; exatidão; coisa certa e verdadeira", tenho a impressão que no jornalismo ela nasce e morre em frações de segundos. Tem origem no pensamento do jornalista que pretende transmitir a informação exata, mas morre no momento seguinte, no exato instante em que as entrevistas, o material pesquisado, enfim, a sua pauta segue a linha editorial do veículo de comunicação ao qual se reporta.




sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter" (Cláudio Abramo)